quarta-feira, 5 de maio de 2010

O "MEMORIAL DO CONVENTO" E A VERDADE HISTÓRICA

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1 – Introdução

Era uma vez... Era uma vez... Era uma vez...

É em termos de era uma vez que Saramago apresenta o seu Memorial do Convento na contracapa. E já no início colocara uma citação de Marguerite Yourcenar a relativizar o teor de muitas afirmações que todos fazem - e ele também. Não é porém assim que os alunos e sem dúvida muitos professores lêem o romance. Aliás aceitam que memorial é uma palavra que se presta pouco a meias verdades; e estão habituados ao carácter tão assertivo do autor que aquilo não lhes parece para tomar a sério.
Por isso, este trabalho, feito numa acção de formação sobre esta obra, tem indubitavelmente sentido. Alunos e professores desconhecem no geral a verdade histórica dos factos que nele são romanceados, o contexto histórico a ele subjacente.

Na história da nossa crítica literária há alguns casos muito notáveis de sobreavaliações: foram sobreavaliados pelos seus contemporâneos o poeta João de Deus (Antero de Quental aproximou-o de Camões), Guerra Junqueiro (segundo J. do P. Coelho, nenhum dos escritores da sua geração “gozou em vida duma reputação tão espectacular”) e outros do mesmo século XIX; houve também muitas avaliações erradas no século XX.

Quer isto dizer que, em relação a Saramago, não temos que estar prisioneiros de apreciações tão entusiastas como vulgarmente se vêem. Até já houve o caso de um prémio Nobel português cuja atribuição se revelou um erro.

Há algum tempo os alunos do 12.º ano tiveram de comentar no exame esta original opinião de Óscar Lopes: “Memorial do Convento […] traça do século XVIII uma visão extraordinária”.

Mas se o romance se ocupa só de cerca dum quarto de século, como há-de dar a visão do século todo? Depois de D. João V não houve o Marquês de Pombal?![1] E depois não vieram D. Maria e a viradeira?! É tudo o mesmo? Além do mais, distorcendo esta narrativa ficcional a verdade histórica em aspectos marcantes, onde pode estar o carácter extraordinário dessa visão? Extraordinário é que se possa fazer uma afirmação como a transcrita.

Isto justifica um cuidado crítico muito grande ao lidar com o Memorial do Convento.


Chacota, sarcasmo e hipérbole

A nossa ignorância acerca dos hábitos lisboetas e cortesãos do séc. XVIII é sem dúvida muito favorável a José Saramago: é fácil tomarmos à letra as suas caricaturas, os seus sarcasmos, as suas hipérboles, a sua chacota.

Se os conhecêssemos, provavelmente discordaríamos de muitas das afirmações que faz, que ficariam reduzidas a uma perspectiva pessoal de hipérbole e caricatura.

Magnífica fachada do Convento de Mafra

A blasfémia

O leitor católico do romance não pode evitar de se sentir enojado com a facilidade com que o autor troça das verdades da sua fé: as blasfémias estão a cada passo. Dizer por exemplo que da Basílica de S. Pedro que é “quase tão grande como Deus” ou que “Deus é maneta” é dizer contra-sensos que ninguém pode tomar a sério.

Para atacar o Cristianismo a partir de dentro, o autor faz alarde de conhecimentos litúrgicos, bíblicos, teológicos e históricos (agiológicos, em concreto) que o leitor comum ignora.

Nenhuma pessoa de bom senso porém reconhece o Cristianismo nas frases do romance[2].

Qual será o conceito de Deus para Saramago? Um Deus tão pequeno e “maneta” nunca poderia ser o Criador do Homem, do Universo e das suas maravilhas. Dele, a ninguém ocorreria falar assim.

O sarcasmo no Memorial do Convento penso que assenta em quatro aspectos principais que merecem análise histórica: a Lisboa barroca, a denúncia da Inquisição, o P.e Bartolomeu de Gusmão e a construção do Convento.

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N.B. - Dada a quase impossibilidade ‘técnica’ de actualizar esta página e visto os leitores se interessarem sobretudo pelo trabalho original das relações entre o Memorial do Convento e a verdade histórica, optámos por lhe retirar a “Síntese Crítica”, que poderá agora ser encontrada aqui.

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Páginas relacionadas

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Auto da Barca do Inferno
Sermão de Santo António aos Peixes




[1] Só a reconstrução da baixa pombalina, que mudanças trouxe a Lisboa! À Lisboa árabe e gótica, de ruas sinuosas e estreitas, pontuada por capelas e igrejas, sucedeu uma cidade de linhas rectilíneas e largas, moderna, pensada em acordo com parâmetros europeus.

[2] Leia-se esta breve citação de Rui Osório, sacerdote e jornalista do Jornal de Notícias, em comentário ao blogue de Saramago:

“Sobre o Corpo de Deus, José Saramago, afoitamente, admitia que a temática religiosa, quando a aborda, é "para fáceis heresias, como costumam ser as minhas, segundo canónicas e abalizadas opiniões". (…)

São considerações de adolescente serôdio, a quem a cultura religiosa ficou tão curta como a roupa da sua infância. Saramago tem objecções típicas de um adolescente retardado que supostamente cresceu na cultura mas ficou infantilizado em religião!”

2 – Temas para desenvolvimento

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2.1 – A Lisboa barroca e D. João V


Sobretudo nas páginas iniciais do romance, Saramago faz a caricatura de Lisboa, no pior da sua face absolutista e barroca Pós-Restauração. A cidade não era certamente assim, mas o país, esse era diferente. Os documentos contemporâneos negam tal imagem. As pessoas que os escreveram não eram loucas, com toda a segurança não padeciam daquela paranóia geral[1].

E isto é importante que se diga, porque elas eram tão inteligentes como as de hoje, como Saramago e nós.

Quando ele diz de Lisboa que era uma pocilga (… “este corpo parco e porco da pocilga que é Lisboa”, cap. III), convém saber que até nos concelhos rurais havia exigências de asseio com os caminhos[2]. Em Lisboa não haveria qualquer exigência prática de asseio nas ruas? Atolar-se-iam todos na lama e na imundície?

Ilustração 2 Retrato do jovem D. João V

Ao lado da imundície física, depreende-se da narrativa que alastra na cidade uma podridão moral funda e geral. Nem Fernão Lopes, nem Gil Vicente, nem o P.e António Vieira, nem Bocage, nem Eça de Queirós, nem Fernando Pessoa tinham visto a cidade assim.

N’Os Maias, Eça apressava-se a chamar beata a qualquer mulher honesta[3]; Saramago vai mais longe: não há beatas nem honestas, só devassas… E devassos. Vista de lince. Ou talvez melhor: “cada um fala da feira conforme lhe vai nela”.

Num conhecido prefácio ao Amor de Perdição, Camilo, contra os realistas, fala num certo pudor em penetrar dentro das alcovas. O materialista Saramago não se tolhe com essas limitações; entra nas alcovas, vê os corpos, os gestos, os líquidos, numa impertinência e indiscrição devassadoras e maniqueias, a duas cores: nuns casos só há coisas apreciáveis, noutros só detestáveis.

Mas é nessa estrumeira de Lisboa que, por obra de Saramago, medra a bela e inesperada flor que é a virginal Blimunda, que aliás, insensatamente, se entrega a um homem de quem apenas sabe o nome[4].


D. João V, “um dos maiores reis da História portuguesa”

A perspectiva tão negativa que Saramago dá de D. João V no romance está muito longe de colher a unanimidade dos historiadores.

Segundo a História de Portugal de Joaquim Veríssimo Serrão, “(…) não pode hoje manter-se a concepção do rei (D. João V) esbanjador de riquezas, como ainda por vezes se encara esse período de governo; nem tão-pouco a do rei «freirático», passando o tempo em conventos, dado a orgias e a uma vida afastada do ofício de reinar. (…)

O visconde de Santarém traçou este juízo modelar: «Quaisquer que sejam os defeitos que se possam notar neste Príncipe como homem, estes não pertencem à história, à qual só compete examinar as acções públicas e não os actos da vida privada, demais que não foram eles de tamanha gravidade, nem influíram na direcção dos negócios públicos». (…)

A posição cimeira que ocupou na política europeia do tempo; o culto pessoal como meio de fortalecer os direitos da coroa; os cuidados postos na administração ultramarina, adivinhando sobretudo o crescente potencial do Brasil; a obra de cultura e o mecenato das Letras e Belas-Artes a que ligou o nome – tudo concorre para fazer de D. João V um dos maiores reis da História portuguesa.”[5]

Este modo de avaliar D. João V difere pouco do que se pode ler na Enciclopédia Verbo; o artigo que lá vem é um louvor quase continuado ao Magnânimo.

Se nem todos o avaliam assim, reconheça-se ao menos que a excelência artística do Convento de Mafra muito lhe deve.


Ilustração 3 D. Maria Ana de Áustria.

Convém reter que, se até ao voto de erguer o Convento o Magnânimo não conseguira ter filhos da rainha D. Maria Ana de Áustria, depois teve vários, o que dá força à afirmação do carácter miraculoso do nascimento do primeiro. Esta rainha era uma mulher culta, que sabia, além do alemão e do português, francês, italiano, espanhol e latim. Entre a realidade histórica e a chacota de que é alvo no romance deve mediar um abismo.

A filha mais velha do casal, Dona Maria Bárbara de Bragança, foi uma excelente rainha de Espanha, “discreta e eficaz”.

“A jovem princesa das Astúrias era uma mulher culta, agradável, fluente em seis línguas e grande amante das Belas-artes, em especial a música. D. Maria Bárbara e D. Fernando eram realmente apaixonados um pelo outro”.

“Sabe-se que até a própria D. Maria Bárbara compôs sonatas para uma grande orquestra”.

“Sua morte provocou a loucura de Fernando VI, que morreu no ano seguinte”. Wikipédia


Ilustração 4 D. Maria Bárbara de Bragança, a culta filha de D. João V que fez um casamento de inteiro sucesso: o marido enlouqueceu quando ela morreu.


[1] Conhecemos centenas de documentos do séc. XVIII, dezenas deles da sua primeira parte.

[2]Veja-se este “costume antigo” do regimento dum concelho rural, passado a escrito em 1743:

“É costume muito antigo fazerem toda a justiça deste couto Juiz, Verea­dores e Procurador e mais oficiais com o escrivão. Fazerem duas correições todos juntos, cada uns em seu ano, a saber, uma em Janeiro e outra em o mês de Maio, ver caminhos e tapagens e vergas das veigas, como também as vendas, açougue e moendas, para que tudo esteja capaz e bem asseado (…)”. Títulos e Acórdãos do Couto e Honra de Fralães, Arquivo Municipal de Barcelos.

Os juízes destes concelhos acumulavam às competências judiciais as competências dos actuais presidentes da câmara.

[3] Isto é principalmente evidente na primeira metade do romance.

[4] A figura de Blimunda não interessa directamente ao nosso tema, mas observe-se que o facto de ser aparentemente estéril é muito cómodo para os fins de Saramago. Se o casal criasse família, seria obrigado a uma inserção muito maior no tecido sócio-religioso do tempo e não ficaria mais naquele jeito de amor e uma cabana.

[5] Editorial Verbo, 2ª ed., vol. V, pp. 272-273.

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Lisboa barroca

25/11/2010

Afinal, quem é que fala verdade? Um vídeo do Público de hoje mostra-nos uma Lisboa barroca que não tem nada a ver com o que Saramago descreveu...

J.F.

2.2 – A Inquisição, a forca e o Marquês de Pombal

Uma reelaboração deste tema encontra-se AQUI.

Às vezes ouve-se falar do Memorial do Convento com um entusiasmo tal que parece que o seu autor denuncia ali o Arquipélago de Gulag que os seus amigos soviéticos criaram; mas de facto denuncia apenas uma instituição mais que defunta, acabada um século antes de ele nascer.

A Inquisição manteve-se activa durante cerca de três séculos e instaurou processos a algumas dezenas de milhares de pessoas. Quantas?

As respostas são variadas e vão de umas vinte e poucos mil até cerca de quarenta e cinco mil.

Mas a pergunta seguinte é: em quantos destes processos foram os respectivos réus entregues ao braço secular, para execução capital?

Também aqui os números variam, de entre uns mil e duzentos até um pouco mais que dois mil.



Ilustração 5 Belíssima estátua de Santa Clara. Aquando da encomenda exigia-se que o mármore fosse o mais perfeito e de facto é.

Poderíamos assentar em que essas mortes terão implicado 500 condenações por século, o que não estará muito longe da verdade.

Este número, ao lado do das mortes provocadas pelas ditaduras da esquerda[1], da nazi ou da fascista e doutras, no século XX, parece insignificante.

Ao tempo da Inquisição, os tribunais civis também condenavam à pena capital, por recurso à forca (sabe-se onde ficavam muitas forcas) ou outros meios. Como esses tribunais eram muitos (mais de 800[2]), caso eles tivessem condenado em média um réu por século, o número total das suas condenações já ultrapassaria de longe o das condenações à morte atribuíveis[3] à Inquisição.

Como não é possível contabilizar hoje os mortos pela forca, também não é possível contabilizar as mortes provocadas pelo Marquês de Pombal. Mas, nos quase 30 anos do seu governo, deve ter feito matar quase tantas pessoas como a Inquisição em três séculos. E pelos vistos fazia-o com uma crueldade maior[4].

Vejam-se estes números transcritos da História Concisa de Portugal de Hermano José Saraiva[5]:

“Quando Pombal abandonou o poder foram libertados oitocentos presos políticos, mas o número dos que entretanto tinham morrido nos cárceres atingia os dois mil e quatrocentos”.

Isto já dá uma média de oitocentas mortes por década.

Sobre a Inquisição, convém também dizer que, visto que ela organizava processos, podemos hoje saber quem foi morto e as razões da sua condenação[6]. Creio que isso não se passa com o Marquês nem com os mortos das ditaduras do séc. XX. Se da Inquisição não houvesse processos, que saberíamos dela? E das suas vítimas?

Do que parece não haver dúvida é que o autor do Memorial do Convento, por preconceito, agrava as culpas da Inquisição tanto quanto isso lhe parece viável. Mas em muitos casos não convence: ele descontextualiza quase completamente a instituição e as suas práticas e por vezes não hesita em colorir o que descreve mesmo contra o dado histórico.

Verdadeiramente as lágrimas que chora sobre os mortos dos autos-de-fé são lágrimas de crocodilo, se não quisermos ser mais decididos e afirmar que ele age de má-fé.

Veja-se adiante o anexo sobre os números da Inquisição.

Ilustração 6 A galilé da basílica é soberba nas suas linhas de inspiração clássica e na policromia dos mármores.



[1] Segundo o livro de Jon Halliday Mao: a História Desconhecida, o fundador da República Popular da China, para obter a bomba atómica, aceitava deixar morrer metade da população do país… 500 milhões de pessoas. O regime cubano, em cerca de 50 anos, matou lá para 17 mil. Etc., etc.

[2] A da Póvoa de Varzim ficava próxima do farol de Regufe, a de Vila do Conde próxima da Igreja da Lapa.

[3]Cfr. http://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Antigos_munic%C3%ADpios_de_Portugal.

[4] Atribuíveis, pois a ordem de matar era prerrogativa do Rei.

[5] São vulgarmente conhecidos os casos dos Távoras e o do P.e Malagrida, mas houve outros em que essa crueldade ficou bem manifesta. Aos condenados implicados no célebre atentado contra o Rei “esmagaram-lhes à martelada os ossos dos braços e das pernas e depois queimaram-nos vivos” (SARAIVA, Hermano José, História Concisa de Portugal, 2.ª ed., Mem Martins, 1978, pág. 245.

[6] Pág. 245.

[7] Também convém dizer que desde a sua instituição não houve mais nada que nem de longe se assemelhasse à matança popular de judeus, de 1506, durante a qual em três dias foram mortos lá para dois mil, certamente à paulada e à pedrada: http://arlindo-correia.com/020108.html.

2.3 – O P.e Bartolomeu de Gusmão

O P.e Bartolomeu de Gusmão é também um tema maior do Memorial do Convento; mas devia-se distinguir entre o P.e Bartolomeu de Gusmão e o P.e Bartolomeu de Saramago, tão diferentes e distantes são as duas realidades.

As breves biografias disponíveis sobre ele nem sempre são muito concordes. Ainda assim, parece que podemos assentar nalguns pontos, como:

  • Intelectualmente, era um sobredotado;
  • Foi um sacerdote exemplar[1];
  • A Passarola só existiu num desenho, foi uma mistificação sua e nada tem a ver com as experiências com que intentou criar um objecto voador de transporte (veja-se abaixo);
  • Essas experiências foram feitas perante a Corte e não às escondidas da Inquisição;
  • Verosimilmente, nunca foi perseguido pela Inquisição.

Dizer que ele descria de todo o Catolicismo, que recuara a judeu, a herege… parece apenas uma enormidade saramaguiana.

A geringonça descrita por Saramago só voa porque o autor do romance assim o afirma ("era uma vez..."). Na realidade, só um turbilhão de ventos ciclónicos poderia levantar aquilo, mas então ninguém tinha mais mão nela. A seguir ela estatelar-se-ia ou no Tejo, ou sobre a cidade, ou noutro lugar qualquer.




Ilustração 7 Pedido dirigido pelo P.e Bartolomeu de Gusmão a D. João V, num latim difícil, para obter um alvará para uma invenção sua: “uma máquina na qual se voará com mais velocidade pelo ar que por terra”. No opúsculo de Vicomte de Faria vem a sua tradução para francês.


A mistificação da Passarola

“As primeiras ilustrações da Passarola haviam sido na verdade elaboradas pelo filho primogénito do 3º Marquês de Fontes, D. Joaquim Francisco de Sá Almeida e Menezes, com a conivência de Bartolomeu. O futuro 8º Conde de Penaguião contava 14 anos em 1709 e era, então, aluno de matemática do padre, sendo a única pessoa à qual ele permitia livre acesso ao recinto em que o engenho voador era guardado. Como o rapaz vivesse assediado por curiosos, que constantemente lhe faziam indagações acerca da invenção, resolveu ele, para parar de ser importunado, elaborar o exótico desenho da Passarola, em que tudo era propositadamente falseado. E para preservar o verdadeiro princípio da invenção – o Princípio de Arquimedes –, atribuiu a ascensão da engenhoca ao magnetismo, então a resposta para quase todos os mistérios científicos. Esperava dessa maneira melhor proteger o segredo confiado à sua guarda e ainda ludibriar os bisbilhoteiros. Comunicou o plano a Bartolomeu, que o aprovou, e fingiu deixar o desenho escapar por descuido. A Passarola, inspirada ao que parece na fauna fabulosa de algumas lendas do Brasil, foi rapidamente copiada pelos primeiros que a apanharam, logo se espalhando pela Europa em várias versões, para grande riso dos dois embusteiros.




Ilustração 8 A Passarola

Toda essa trama seria descoberta anos depois por um autor italiano, Pier Jacopo Martello [1625 – 1727], e revelada por ele na edição póstuma do livro Versi e prose de 1729, em que fazia um longo e meticuloso histórico das tentativas do homem para voar, das mais antigas às mais recentes daquele tempo”. Wikipédia


Ilustração 9 Um dos órgãos da Basílica de Mafra.


[1] Temos de descontar a sua deslealdade final para com D. João V, instigada talvez pelo príncipe Francisco.

2.4 – A construção do Convento

Os Arrábidos, D. João V e o Cardeal

O projecto inicial do Convento previa só “um pequeno cenóbio de 13 frades” (Júlio Gil), isto é, uma construção muito modesta que se enquadrava perfeitamente nos austeros hábitos da tradição arrábida.

As palavras que se transcrevem a seguir são da autoria de José Fernandes Pereira, no capítulo sobre “O barroco no século XVIII”, da História da Arte Portuguesa, do Círculo de Leitores[1]; paga a pena lê-las:

“Por tradição e pelos estatutos, os Arrábidos aceitavam, por esmola, novos conventos desde que fossem os frades a dirigir a sua construção que, em nenhum caso, poderia fugir duma tipologia e de um carácter de simplicidade e pequenez há muito tipificado. Ora o alvará de 1714 revela sibilinamente que a obra a erguer em Mafra seria régia, controlada desde Lisboa pelo rei e que aos frades competia apenas aceitar o presente, ainda que envenenado.

Fá-lo-ão com pouca convicção e após parecer jurídico do arcipreste da Patriarcal de Lisboa, expresso em 1730, e segundo o qual os Arrábidos podiam sem escrúpulo aceitar obra tão luxuosa para a qual a ‘Real Magnanimidade’ não tinha sequer de lhes pedir consentimento”.

Esta seriedade dos Arrábidos ao verem ser subvertido o seu projecto deita por terra muita da chocarrice de Saramago e mostra que ao tempo as ordens religiosas não estavam mergulhadas na devassidão que ele gostaria de lhes atribuir – mas que parece que lhe não atribui, ao menos dum modo generalizado (não a atribui aos Jesuítas nem aos Arrábidos, por exemplo).


A construção do Convento

Saramago cuida de lembrar que na construção do convento houve muitos feridos e mortos, sem dizer quantos ou uma aproximação.

É provável que a média dos mortos não fosse muito diferente da de outras obras europeias de grande envergadura (Versalhes, Ermitage, Escorial, etc.); aliás a construção civil ainda hoje é uma actividade com mortes frequentes. Uma obra em que as mortes tiveram dimensão de hecatombe foi o Canal de Suez: 125.000! Teriam lá trabalhado 1.500.000 homens[2].

E a nação construtora, a Inglaterra (em parceria com a França), era a mais rica e desenvolvida do Planeta, e sobre a data da construção do Convento de Mafra já tinha passado mais de um século (e não um século qualquer, mas um século de desenvolvimento tecnológico pronunciado).

O gosto que Saramago manifesta em descer ao pormenor quase individual faz sentido na monografia, mas não numa história do País…

Observe-se que no fim de se ler o romance não se vê elna justificação para o seu título.


O que não coube no Memorial…

José Saramago pelos vistos algo sabe de crítica de arte arquitectónica, mas isso não o ficamos a conhecer pelo Memorial do Convento. Realmente, não há lá uma palavra sobre a magnificência da obra realizada. Não há lá umas palavras que fossem sobre aquela grandiosa fachada, sobre a esplendorosa basílica, sobre as belíssimas imagens… E parece que o título prometia isso: dum memorial, esperava-se que não ficasse de fora o melhor do Convento…

E o pior é que isso está certo, pois destoaria de tal forma do conteúdo tão mesquinho do romance que o desacreditaria.

O Convento de Mafra, que durante décadas se apresentou muito descuidado e sujo, foi recentemente limpo por fora e oferece hoje um espectáculo de grandiosidade que não se conhecia antes.


Ilustração 10 A belíssima e policromada cúpula da Basílica.

“Uma obra-prima de arquitectura, o monumental zimbório eleva-se sobre o tambor onde se rasgam amplas janelas em intercolúnios coríntios rematados por frontões encurvados; da robusta estrutura vertical partem apoios ressaltados da calote que vão unir-se ao anel base do elegante lanternim francamente aberto à luz”. (Júlio Gil)


A estatuária de Mafra

Saramago trata muito mal a estatuária de Mafra. Melhor, trata-a no seu baixo estilo de chacota. Por isso transcrevemos para aqui um parágrafo da já citada História da Arte em Portugal, do Círculo de Leitores[3]:

"E no entanto, pese embora a dimensão da encomenda e o número de escultores, para além das naturais diferenças qualitativas, a escultura de Mafra apresenta uma espantosa unidade: processual, compositiva e expressiva. Que melhor prova do férreo poder do encomendador (D. João V) que reduziu os escultores italianos a pouco mais que mão-de-obra? A repetição do cânon (1:7,5), a utilização dum único bloco matérico, uma pose onde a estabilidade substitui o clímax e o particular (circunscrito no tempo e no espaço) é substituído pela universalidade duma «história», a gestualidade desprovida em grande parte de capacidade de diálogo retórico, a intemporalidade dos rostos, o peso (real e virtual) das vestes, a obsessiva importância assumida pelos objectos iconográficos – eis, em suma, alguns dos mais importantes e constantes valores artísticos presentes em Mafra em resultado, repetimos, de um a troca cultural luso-italiana. Na verdade, para ao adeptos da nacionalidade das obras de arte, convirá pensar que não são apenas os artistas que a determinam”.


O Convento de Mafra na “Viagem a Portugal”

É clamorosa pela sua pobreza a curta notícia que Saramago dá do Convento de Mafra no livro Viagem a Portugal. Como isso nos parece visível a olho nu, aqui deixamos o começo dela:

“O Convento de Mafra é grande. Grande é o Convento de Mafra. De Mafra grande é o Convento. São três maneiras de dizer, e podiam ser algumas mais, e todas se podem resumir desta maneira mais simples: o Convento de Mafra é grande. Parece o viajante que está brincando, porém o que ele não sabe é pegar nesta fachada de mais de duzentos metros de comprimento, nesta área ocupada de quatro mil metros quadrados, nestas quatro mil e quinhentas portas e janelas, nestas oitocentas e oitenta salas, nestas torres com sessenta e dois metros de altura, nestes torreões e neste zimbório”.


Em comentário a estas considerações criticamente ocas, colocamos porém aqui algumas frases dum especialista de arte arquitectónica, no prefácio do livro Os Mais Belos Palácios de Portugal[4]. Escreve ele:

“Porém, a realidade portuguesa deixa-nos bastante à margem desse risco de nos sentirmos perdidos em salões imensos, buscando neles um cantito discreto e acolhedor que possa ser bem nosso, se nos tornarmos donos e senhores de algum palácio por acaso…


Talvez por sermos avessos à grandeza desmedida, os nossos casos de monumentalidade grandiosa são raríssimos e, pode dizer-se, «compreensíveis». Os palácios portugueses foram construídos para homens, não para super-homens ou semideuses.

Refere Nikolaus Pevsner que no colossal palácio de Blenheim, obra de Jacob Vanburg, a cozinha ficava tão longe da sala de jantar que «os pratos quentes arriscavam-se a arrefecer antes de chegar ao seu destino» (…)”.

Da Viagem a Portugal há duas edições, a primeira sem ilustrações, a segunda ilustrada; mas, mesmo na segunda o Convento não merece uma imagem. Como pode ser isso se está em causa o maior monumento do nosso Barroco?

Saramago reagiu mal à magnificência e à arte de Mafra.


[1] Direcção de Paulo Pereira, 1995, 3º volume, pág. 61.

[2] 21 Maravilhas à volta do Mundo, 16, Egipto Pirâmides de Gizé, Tugaland Edições, Lisboa, 2007, pág. 24. Veja-se ainda esta notícia de 28 Outubro de 2008:

“Os acidentes de trabalho têm sido responsáveis, anualmente, pela morte de cerca de 170 mil trabalhadores na União Europeia. As conclusões surgem de um relatório recente da Autoridade para as Condições de Trabalho que refere que a construção civil é o sector que regista mais mortos, adianta o Rádio Clube.

O coordenador executivo da Autoridade para as Condições de Trabalho, Luís Lopes, salienta também que «os acidentes de trabalho fazem mais mortos do que qualquer guerra», e acrescenta que tal seria possível evitar, se as empresas e trabalhadores cumprissem a legislação” (verifique aqui).

[3] Volume III, pág. 94.

[4] Editorial Verbo, Lisboa/São Paulo, 1996.

3 – Conclusão

No seguimento do que foi dito nestas notas, em que se põe em causa muito do que constitui a visão do romancista sobre o séc. XVIII, é claro que não partilhamos a opinião daqueles que vêem no Memorial do Convento um grande romance.

Afinal, para além das discutíveis minúcias propriamente literárias, “formais”, que “conteúdo” nos trouxe a prosa um pouco pegajosa do romance, que é sempre o que em definitivo interessa?

Ilustração 11. Imagem de S. Bento.

A ideologia conhecida do romancista, muita afirmação preconceituosa[1], muita chacota ou sarcasmo gratuitos.

Exagera necessariamente quanto ao descalabro em que imaginou a Lisboa barroca, descontextualiza a Inquisição, mente sobre o P.e Bartolomeu de Gusmão, ignora a magnificência de Mafra, faz voar um passarola sem nenhumas condições aerodinâmicas para tal, promete o memorial dum convento que nunca descreve, enche o romance de blasfémias, é brejeiro e obsceno.
O seu viés iconoclasta produz mais ruído do que resultado crítico convincente. A sua palavra abundante e apaixonada, pouco exigente em relação à verdade, por isso discutível e bastante oca, relativamente fácil, define-o como demagógico.
Sendo assim, e recordando a introdução, é legítimo, talvez inevitável, que um dia a crítica, cumprindo a sua função, em nome da cultura e da verdade, repense o posicionamento de Saramago no quadro global da literatura recente, fazendo com ele o que já fez com Guerra Junqueiro e outros.

Nota: a edição que usámos, a 21ª, apresenta dois erros no latim do título duma obra do P.e Bartolomeu de Gusmão. É na página 145 e o título diz Iuris ecclesiastici universi libri tre, Colectanea doctorum tam veteram quam recentiorum in ius pontificum universum, Reportorium iuris civilis et canonici, et coetera. Onde se escreveu tre deve estar tres, onde se escreveu veteram deve estar veterum. Além disso, Colectanea deve ter dois ll, Collectanea.

Bibliografia

ALMEIDA, Fortunato de (direcção de Damião Peres) - História da Igreja em Portugal, Livraria Civilização Editora, Porto e Lisboa.

AZEVEDO, Carlos Moreira (dir.) - Dicionário da História Religiosa de Portugal, Círculo de Leitores.
FARIA, Vicomte de - Bartolomeu Lourenço de Gusmão, Lausana, 1917 (opúsculo em francês que se pode descarregar da Wikipédia).
GIL, Júlio - Os Mais Belos Palácios de Portugal, Editorial Verbo, Lisboa/São Paulo, 1996.
GIL, Júlio - As Mais Belas Igrejas de Portugal, vol. II, Editorial Verbo, Lisboa/São Paulo, 1989.
SARAMAGO, José - Memorial do Convento, 21ª edição, Editorial Caminho, Lisboa, 1992.
SARAMAGO, José - Viagem a Portugal, Editorial Caminho, Lisboa, 1995 (salvo algumas excepções, as fotografias são de Maurício Abreu).
SERRÃO, Joaquim Veríssimo -História de Portugal, Editorial Verbo, Lisboa, 2ª ed., vol. V.
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira
Enciclopédia Verbo
Wikipédia (portuguesa e inglesa)
Biblos, Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa


[1] A manipulação dos factos acontece em Saramago muito menos por sacrifício às “Musas de Homero”, como no Frei Luís de Sousa ou n’Os Lusíadas, por exemplo, do que por razões ideológicas. De qualquer modo, o mesmo Saramago apela em várias ocasiões para um bom senso elementar que exige que se chame às coisas pelo seu nome. Ora achamos que os nomes comuns a chamar às razões da manipulação dos acontecimentos no romance são preconceito e mentira. A arte não pode isolar apolineamente o autor do mundo real.

Será mesmo legítimo aproximar este recurso à mentira por preconceito ao cinismo e à perfídia que os autores da área ideológica de Saramago costumam atribuir aos inquisidores. Quem se encontra do lado do poder não resiste às vezes a estas tentações de impunidade, da afirmação gratuita. No caso de Saramago, a meu ver, o poder é o apoio que tem da imprensa. Podia-se lembrar aqui a frase romana ”Vae victis!”, e até alterá-la para “Vae victoribus!”

O bom senso não perdoa e mais tarde ou mais cedo - como a verdade, que não tem pressa de se mostrar, mas que sempre se mostra - virar-se-á contra o autor do romance.

Saramago assume não raro um estatuto curioso, o de um deus romano ou grego menor que, não podendo alterar o curso do futuro, altera o curso dos factos do passado.

O modo de falar sobre Saramago que usamos neste trabalho só pode escandalizar quem não toma a sério o que ele escreve. É aliás conhecida, na vida real, a sua intolerância (por exemplo, os saneamentos que provocou no Diário de Notícias e a sua atitude, em 1975, face aos que não considerava revolucionários; contra estes propunha que se agisse “implacavelmente”), o modo como ele fala das pessoas que se não movem na área da sua ideologia ou até dos seus interesses.

Anexos

1 – Alguns números sobre a Inquisição portuguesa
AZEVEDO, Carlos Moreira (dir.), Dicionário da História Religiosa de Portugal, Círculo de Leitores (entrada “Inquisição”):
“A actividade repressiva da Inquisição portuguesa é revelada pelos dados globais de processos instaurados entre 1536 e 1767: 44 817, pelo menos, pois não dispomos de informações completas sobre o tribunal de Goa para o período de 1624 a 1648. O número de relaxados foi pelo menos de 2064 (não dispomos de elementos sobre o tribunal de Goa, neste ponto, para a quase totalidade do século XVII), ou seja, 5% do total”.
ALMEIDA, Fortunato de (direcção de Damião Peres), História da Igreja em Portugal, Livraria Civilização Editora, Porto e Lisboa, volume VII, pág. 425:
“Segundo o alvará do 1.º de Setembro de 1774, consta das listas dos autos-da-fé que, desde 1540 até 1732, foram condenados 23 068 réus, dos quais 1 454 foram relaxados ao braço secular e pereceram na fogueira”.
Wikipédia inglesa (http://en.wikipedia.org/wiki/Portuguese_Inquisition):
“According to Henry Charles Lea, between 1540 and 1794, tribunals in Lisbon, Porto, Coimbra and Évora resulted in the burning of 1,175 persons, the burning of another 633 in effigy, and the imposition of penance on 29,590. However, documentation of fifteen out of 689 autos-da-fé has disappeared, so these numbers may slightly understate the activity”.
A Enciclopédia Verbo, no final do artigo sobre a Inquisição portuguesa, escreve:
“Falta, ainda, um trabalho baseado nos 40 000 processos inquisitoriais da T. T.”.
Observações
1. A disparidade destes números parece ter a ver com o período de tempo e até com os tribunais considerados.
2. No número dos relaxados ao braço secular, parece que também é preciso, normalmente, descontar os queimados em efígie, pois estes não morreram (no Convento de S. Francisco, em Vila do Conde, está sepultado um homem que na juventude foi queimado em efígie).
3. As mortes imputáveis à Inquisição portuguesa são assim cerca de 500 por século.
4. Os seus principais tribunais localizaram-se em Évora, Lisboa, Coimbra e Goa (houve mais três – Tomar, Lamego e Porto – de existência efémera).
5. A Inquisição organizava processos, por isso temos sobre ela uma informação fiável.
6. Ao tempo da Inquisição, houve muitos réus dos tribunais civis, executados principalmente na forca: talvez tantos ou mais que os mortos da Inquisição. São ainda hoje identificáveis os lugares onde se situavam as forcas da Póvoa de Varzim e de Vila do Conde.
7. O Marquês de Pombal terá também feito executar, em 30 anos, tantas vítimas como a Inquisição portuguesa em três séculos, e com mais crueldade.
8. A morte legal, por decisão de tribunal, foi de todas as civilizações e, ao menos noutros tempos, teria a ver com a inexistência dum sistema prisional capaz.

2 – O P.e Bartolomeu de Gusmão e a Inquisição
Saramago, que é tão solene e pródigo a proclamar as suas verdades – a meu ver, os seus preconceitos - coloca no princípio do romance aquela citação de M. Yourcenar a defender o relativismo. Dá para entender pouco.
Ele diverte-se a desmontar a imagem que se formou sobre certas figuras históricas, mesmo quando essa imagem assenta em documentos.
Entendemos que esta metamorfose é injustificável, inadmissível, ao menos em certos casos. De um padre digno o P.e Bartolomeu é transformado num herege. E com isto o autor quis obter uma figura-chave, um porta-voz do seu pensamento.
Se fizermos refluir a imagem deste sacerdote à que dele nos dão os documentos, ele não tem mais lugar no romance e, desaparecendo, a narrativa cai por terra.
Dever-se-ia distinguir entre P.e Bartolomeu de Gusmão e P.e Bartolomeu de Saramago.
Que nos dizem as fontes?

Ilustração 12 Leitura; "Quinta-feira, 3 de Outubro, fez o P. Br.meu do Quental, digo, Bertolameu L.ço outro exame na Ponte da Casa da Índia (no Castelo de S. Jorge) com o instrumento de voar, que, tendo já subido bastante altura, caiu no chão, sem efeito".
Fontes
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira
No artigo respectivo nunca ocorre a palavra Inquisição.
Enciclopédia Verbo
No artigo respectivo nunca ocorre a palavra Inquisição; é ilustrado com dois documentos manuscritos, contemporâneos das experiências.
FARIA, Vicomte de, Bartolomeu Lourenço de Gusmão, Lausana, 1917 (opúsculo em francês).
É o primeiro que liga o nome do Bartolomeu de Gusmão à Inquisição, mas só no fim, para justificar a fuga para Toledo; mas como diz também que o P.e Bartolomeu de Gusmão desceu do Castelo de S. Jorge para o Terreiro do Paço na sua máquina de voar, o que parece fábula, não lhe devemos dar muito crédito.
A Wikipédia diz claramente que o desenho da Passarola foi uma mistificação consciente para afastar os curiosos.
As experiências do P.e Bartolomeu foram feitas perante a Corte, sem receios da Inquisição: ele tinha e continuou a ter protecção real. Quando fugiu, foi por ter cometido uma gravíssima deslealdade contra o Rei.
Devemos defender o bom nome do P.e Bartolomeu de Gusmão contra as afirmações preconceituosas de Saramago.
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José Saramago morreu
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Hoje, 18 de Julho de 2010, José Saramago morreu. Que tudo aquilo que vamos ter que ouvir nos ajude a descobrir a verdade, a distinguir aqueles que a procuram daqueles que populistamente se aproveitam do momento que passa.
J.F.
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Virar a página
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É fácil de admitir que muitos conheçam melhor a obra de Sramago do que eu. Mas pelo que conheço dela, ele não merece a consgaração de que é alvo. Por isso, passo à página seguinte e vou em frente.
19/6/2010.
J.F.
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Alguém ainda pensa
Para os madeirenses, Saramago não é um modelo ético, como todos deviam saber.
29/6/2010.